Sexta-feira, 20.09.13

O amor incondicional causa muita estranheza

Eu não conseguia acreditar, quando me contaram. Aliás, ninguém conseguia acreditar.

Como é possível uma pessoa ser traída, enganada, abandonada, substituída por outra pessoa, e ainda continuar a amar?

E como é possível que, quando se dá o reencontro, ainda se seja capaz de suportar as dúvidas da outra pessoa na hora do regresso?

Sim, é possível, por mais que isso nos possa causar uma enorme confusão.

Uma pessoa descobre que o seu amor a anda a trair com outra pessoa, e sofre.

Uma pessoa descobre que o seu amor não só a anda a trair, com está mesmo apaixonada. 

Uma pessoa descobre que a pessoa que a anda a trair vai sair de casa, acabar com o casamento, porque quer ir viver com o seu novo amor.

Uma pessoa passa por isso tudo, a discussão sobre a custódia dos filhos, a saída da outra pessoa da sua vida, a solidão magoada.

Uma pessoa sente-se abandonada, e substituída. 

Uma pessoa, apesar disso tudo, continua a amar, e continua a tentar convencer a outra a voltar, coisa que a outra pessoa não faz.

Não pensa em partir para outra, não tem namoros importantes, não se apaixona por nenhuma outra pessoa que pudesse aliviar a ferida que ficou.

Uma pessoa vive um ano, dois, três, o tempo que for preciso, à espera que a outra relação, na outra casa, falhe.

E então isso dá-se, e cresce finalmente uma esperança. 

Mas, (há sempre um mas em todas as histórias de amor), a pessoa que um dia partiu, viu a sua nova relação falhar não porque tenha deixado de amar, mas porque a deixaram de amar a ela.

Ou seja, volta ao primeiro amor porque foi rejeitada pelo segundo, mas no fundo é esse que queria.

Por isso tem dúvidas.

E a primeira pessoa suporta essas dúvidas, compreende-as, aceita-as, e está disposta a esperar.

Não se importa de ter sido despromivida um dia, de primeiro amor para segundo. E também não se importa de continuar segundo.

Espera, espera sempre, e sempre ama, mesmo depois de todas as traições, enganos e falhas, continua apaixonada por ela.

Será isto o amor incondicional?

Ou será apenas uma submissão, uma terrível falta de autoestima, uma pessoa sem carácter, invertebrada, que engole tudo e nada exige?

Nos nossos dias, valoriza-se o orgulho, a guerrilha, a retaliação, a estratégia manhosa, e ninguém aceita "sair por baixo", todos querem "sair por cima".

Na dúvida, mais vale a sacanagem, pois ninguém confia muito em ninguém.

E ninguém perdoa.

Mas, há gente diferente. Há corações que perdoam tudo, aceitam tudo, amam sempre.

Quanto mais me magoas mais gosto de ti, será isso? 

É tão difícil de compreender quem ama assim, dessa forma perigosa, mas absolutamente límpida e honesta. 

publicado por Domingos Amaral às 10:20 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Terça-feira, 04.06.13

Michael Douglas, o cancro na garganta e o sexo oral

O célebre ator Michael Douglas, que já vai na bonita idade de 68 anos, explicou recentemente ao jornal inglês Guardian que o cancro na garganta que o afecta se deve a ter praticado muito...sexo oral.

O jornalista que o entrevistou pensava que a doença de Douglas se devia à sua vida de excessos, ao consumo de álcool e de drogas, mas o actor refuta essa interpretação, dizendo: "Não! Sem querer ser muito específico, este tipo de cancro em particular foi causado por HPV, que na verdade advém do cunnilingus"!

Nem mais! O delicioso da frase é aquele subtil "sem querer ser muito específico", onde cabem mil e uma especulações possíveis. O HPV ou vírus do papiloma humano, é de facto o causador dos cancros do colo do útero, e suspeita-se que já existem muitos casos como o de Douglas, mas mesmo assim...

O que é estranho nesta declaração é a sombra que ela deita sobre a mulher de Douglas, a não menos famosa actriz Cahterine Zeta-Jones. Se Douglas diz que contraiu este cancro devido ao sexo oral, isso coloca apenas duas possibilidades, ambas desagradáveis.

Ou bem que Douglas contraiu a doença porque Zeta-Jones tem esse vírus dentro dela, o que é um sarilho para o casal pois nesse caso não temos apenas um problema medicinal, mas sim dois problemas medicinais.

Ou então Douglas contraiu a doença a praticar sexo oral com outras mulheres, confessando assim em público a sua absoluta infidelidade à mulher, o que é sem dúvida uma forma sofisticada de a enxovalhar e humilhar. 

Seja como for, há aqui um ensinamento a retirar. A partir de agora, qualquer homem terá de incluir no seu interrogatório sexual prévio às mulheres a terrível questão: "e como vai isso de papiloma?"

publicado por Domingos Amaral às 11:49 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quarta-feira, 15.05.13

Angelina Jolie e a importância da mãe para uma mulher

Para uma mulher, o que aconteceu à sua mãe é sempre uma visão possível do seu próprio futuro.

Seja no amor, seja na família, seja na saúde, as filhas olham para as mães e pensam no que serão ou poderão ser.

Assim foi também com Angelina Jolie, uma das mais belas mulheres do mundo. A sua mãe sofreu uma doença terrível e morreu ainda nova, com 50 e tal anos.

Angelina assistiu a tudo e tudo viu, e foi esse exemplo que a marcou. A mãe não caçou o cancro a tempo e depois nunca mais o caçou.

Devia ser nisso que Angelina pensava, todos os dias desde esse dia em que a mãe morreu.

Uma mulher, qualquer mulher, pensa na sua mãe todos os dias, esteja ela viva ou morta, e Angelina, apesar de ser uma das mais belas mulheres do mundo, não é diferente das outras mulheres.

Ela tinha medo, medo que o que aconteceu à sua mãe se repetisse nela, medo que o mundo fosse igualmente cruel com ela como foi com a mãe, e provavelmente não suportava mais essa ideia.

Acredito que foi isso que a fez realizar uma operação preventiva para impedir que se passasse com ela o que se passara anos antes com a mãe.

As mulheres querem ser sempre como as mães, excepto na infelicidade, e Angelina sabia que ela tinha, ao contrário da mãe, a possibilidade de fintar o destino.

Foi isso que ela fez, evitar o destino da mãe, e com isso pensar no futuro das suas filhas, pois agora elas vão ter a sorte que Angelina não teve, de poder ter a mãe mais anos com elas. 

Deve ter sido uma decisão muito dura e muito complicada para uma mulher, mas grandiosa e de uma profunda humanidade, sacrificando a glória do presente em nome de um futuro mais tranquilo.

Angelina Jolie é uma das mais belas mulheres do mundo e tinha umas maminhas lindas, que infelizmente o mundo viu poucas vezes, pois ela só as mostrou em poucos filmes, especialmente antes de se tornar uma das mais bem pagas actrizes do mundo.

Agora, o mundo não mais verá esse peito lindo, mas Angelina tem a sorte de ter descoberto uma forma bonita de homenagear a sua mãe. 

É uma forma suprema de amor, de amor de mãe e de amor à mãe. 

publicado por Domingos Amaral às 13:34 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 16.04.13

Living by Numbers (estou farto de códigos e passwords!)

O século XXI é o século dos códigos e das passwords. Qualquer um de nós está absolutamente cercado por combinações cada vez mais complexas de números, letras e PIN´s. É preciso ter um livro de suporte, onde tudo está escrito, para não endoidecermos.

Ele é código para o Multibanco, para o VISA, para o cartão de cidadão ou para o cartão de gasolina, para o portão do condomínio ou para a porta da garagem.

Ele é password para o portal das Finanças, para a Amazon, para o mail, para o Facebook, para o Twitter, para o Linkedin, para a Nespresso ou para qualquer site de compras online.

Ele é Pin para o telemóvel, para o Ipad, para a box da televisão, e password para a wi-fi em casa. Ele é número de contribuinte, cartão da segurança social, número do utente, conta do banco, NIB próprio de uma conta, NIB da outra, mais códigos de cartões de outras contas; NIB para as transferências; referências para o multibanco para pagamentos vários; etc, etc.

E os códigos secretos? Sim, o que dizer quando nos chega uma folha de papel a casa dizendo que o nosso código secreto é zkl999Gaxykl223? O que se está a passar naquelas cabeças? Porque é que o G vem em maiúsculas e o resto são números ou minúsculas? O que é aquele suspeitíssimo 999? Porque é que o kl aparece sempre antes dos números?

Pior ainda é quando nos mandam mudar a password. A sua password expirou, tem de a renovar, avisou-me um mail outro dia. Expirou? Como? Morreu, dando um último suspiro valente, antes de esticar o pernil? Mas, a minha password era um hamster e ninguém me disse?

E que tal os auxiliares de secretismo das passwords? Já apanharam algum? É uma espécie de amigo secreto que, à medida que vamos colocando a password letra a letra, nos vai informando se ela é fácil de descobrir ou não.

Um dia, uma pessoa já irritada, escreveu a password "vai-tefod" e o amigo secreto informou "vai-tu" e foi aí que ele percebeu que estava alguém do outro lado! Meses depois, foi internado, mas é óbvio que isto perturba qualquer um...  

Antigamente, quando éramos adolescente, sabíamos os números de telefone principais da nossa vida todos de cor. Sabíamos o de casa, os dos avós dos dois lados, e os de vários de amigos e namoradas. Agora ninguém sabe nada de nada. Já não temos megabytes suficientes nos cérebros para decorar telemóveis mutantes de toda a gente!

Ainda por cima, com o Grande Regresso dos Telefones Fixos, as pessoas têm 1, 2 e às vezes 3 números de telefone cada uma! É de um homem dar em doido! Fala-se para o telemóvel 1, e nada. Fala-se para o telemóvel 2, nada também. Bem, a seguir vem o Fixo e se ninguém atende o que fazer? Lá vamos nós para o mail, para o Facebook, para o What´s Up, qualquer coisa...E qualquer coisa com código, ou com password, só para chatear!

Há quem tenha estratégias altamente sofisticadas para lidar com esta praga de códigos e combinações absurdas. Sim, há quem simplifique códigos e use sempre o mesmo. Tipo 1406, dia do casamento, a 14 de Junho. Pois, mas e se há divórcio? Lá se tem de mudar tudo e ainda por cima o ex-cônjuge percebe logo!

Qualquer dia, a presença das combinações de números e letras será de tal forma complexa, que até as conversas de engate terão de ter código e password. Ele, num bar, aborda-a e diz, com convicção:

- Aposto que a tua password e a minha são compatíveis!

- A tua tem números ou só letras? - pergunta ela, a rir.

- 14 caracteres...passam de minúsculas a maiúsculas quanto estão contentes.

E pronto, já estava. Era bom, não era? Se ao menos as passwords e os códigos facilitassem a vida, sempre se ganhava algum tempo!

 

publicado por Domingos Amaral às 11:58 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Sexta-feira, 05.04.13

As mulheres e o sexo: gritonas, mandonas, ordinárias e religiosas

No que toca ao seu comportamento na cama, as mulheres dividem-se em quatro grupos diferentes: as gritonas, as mandonas, as ordinárias e as religiosas.

 

Gritonas - são o maior grupo, que é formado pelas mulheres que dão gritos durante o sexo. Convém esclarecer que os gritos não são neste caso frases completas, nem sequer palavras, mas apenas sons à solta, sem qualquer construção gramatical específica. São os célebres "ahn, ahn, ahn"; o sempre muito escutado "oh, oh, oh"; os "ai, ai ai" ou o mais raro "ehhhhhh..."

Normalmente, os gritos começam com uma vogal, e aqui o "o" ganha clara vantagem, seguido a curta distância pelo "a", e ambos muitíssimo destacados do "e". Há alguns casos em que os gritos começam por "u" ou "i", mas são muito marginais, e julgo que só foram escutados por uma única vez numa ilha do Pacífico.

Quanto ao volume dos gritos, há basicamente dois subgrupos: o primeiro é o das Mulheres Sensorround, cuja gritaria nos faz trepidar; o segundo é o das Mulheres Stereo, que gritam virando a cabeça alternadamente para a esquerda e para a direita, de forma a criar um efeito sonoro digno de recordação.

É igualmente interessante examinar o ritmo dos gritos femininos. Há o ritmo Techno, um "oh-oh,oh-oh" muito acelerado; há o ritmo "Super Slowmotion", um "ahhnnnnnnnnnnnnnnn" lento e prolongado, quase desprovido de climax; e há o ritmo Fadista, um "óoooooh" sofrido e inesperadamente amargurado dadas as circunstâncias.

Por fim, há o ritmo mais animado, que está no Top das preferências masculinas, o ritmo Classic Remix. No fundo, trata-se de uma mistura de tons antigos da música pop com as sonoridades mais modernas da house, do tipo "ahnn...ah-ah-ah, ohhhnn, oh-oh-oh, oh...ohhh, ah....ahnnn..." 

 

Mandonas - Este grupo é obviamente formado pelas mulheres que dão ordens durante o sexo. É o segundo grupo mais numeroso, e tem crescido claramente nos últimos anos, talvez devido à auto-confiança elevada das mulheres.

A ordem mais escutada pelos homens é a chamada Ordem Imperativa de Localização Vaga (OILV), com o inimitável grito "Vai, Vai, Vai!". Depois, há a Ordem Confirmativa de Penetração Eficiente (OCPE), com o não menos famoso "Isso, isso, isso!"

Em terceiro lugar, aparece a Ordem Imperativa Oral (OIO), com o sempre bem vindo "Quero chupar-te!". Segue-se a Ordem Generalista Ordinária (OGO), com o célebre "fod..-me!", que por vezes se transforma numa Ordem Perfeitamente Localizada mas Ordinária (OPLO), com o imperial "Fod...-me aí!"

Por mais surpreendente que isso possa parecer, há igualmente mulheres que dão ordens a uma terceira pessoa, que neste caso é a sua própria vagina. Incluem-se nesta situação a chamada Ordem Castigadora Vaginal (OCV), com o famosissímo "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe!"; e também a ligeiramente aterradora Ordem Castigadora Vaginal Nazi (OCVN), com o formidável "Rebenta com ela!". 

 

Nota: devem contar-se também neste grupo as mulheres que usam a chamada Ordem de Pré-aviso de Orgasmo (OPO), que é quando elas gritam: "Está quase, está quase!"

 

 

Ordinárias - Este terceiro grupo é formado, como o nome indica, pelas mulheres que só dizem palavrões durante o sexo. Embora ainda minoritário, também tem aumentado bastante nos últimos anos. As classes altas e as classes médias incorporaram na sua linguagem diária não só o "ó pá" e o "tchau", mas também o calão durante o sexo.

Assim, são já muito habituais as mulheres que largam vários "fod...-se" durante esses tórridos momentos, bem como aquelas que usam o termo "cara...o" a torto e a direito, seja para referenciar o dito cujo e o que desejam fazer com ele, seja apenas para libertar a tensão acumulada desde a última vez que viram um. 

Evidentemente, é expectável que estas mulheres misturem os palavrões com gritos parecidos com os do primeiro ou do segundo grupos. Por vezes, acontece mesmo que, no espaço de breves segundos, uma mulher salta do grupo Gritonas para o grupo Mandonas, e desse, num micro-segundo, para o grupo Ordinárias.

A situação verifica-se quando ela, ainda um pouco inibida, vai libertanto uns "ahhnss" e uns "ohhss" e de repente começa a transformar-se e, no auge da excitação, larga um convicto "ah, ah, ah, vai, vai, fod...-me!" 

Para além dos palavrões referentes ao acto, há também o uso dos palavrões referentes aos intervenientes específicos. Há mulheres que, mal um homem as aquece, começam logo a baptizá-lo de forma vernácula. "Ó meu cabr..., estás a gostar?" é um exemplo muito escutado.

Por fim, há o Palavrão de Auto-Marketing, que é quando as mulheres começam a chamar palavrões a si próprias. "Sim, sou uma put..." ou "adoro ser a tua put..." são frases que já quase se tornaram verdadeiros lugares comuns e de que convém desconfiar, pois já todos nos habituámos a auto-promoções permanentes.

 

 

Religiosas - Este é o último grupo e é bastante raro em Portugal, embora exista muito nos Estados Unidos da América, que como todos sabemos é um país religioso. Assim, por lá é comum ouvir-se a exclamação "Oh my God, oh my God!" Ao que parece, as americanas lembram-se do Altíssimo quando estão a ter prazer. 

Com Hollywood a mostrar repetidamente situações destas, a expressão foi rapidamente incorporada no vocabulário nacional, e já se ouvem algumas portuguesas que libertam um convicto "Oh, meu Deus!"

São as Mulheres Divinas, não porque sejam melhores que as outras, mas porque para um homem é sempre bom saber que há pelo menos uma mulher no mundo que acredita que ele é um pequeno deus na caminha.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 16:21 | link do post | comentar | ver comentários (16)
Quinta-feira, 04.04.13

Quando uma mulher bebe uns copos...

Ela não era uma mulher especialmente ousada. Sim, tinha tido as suas aventuras quando era mais nova, namoriscara vários rapazes, apanhara uns pifos, fumara uns charros, mas nunca passara além de certos limites. Embora gostasse, de vez em quando, de perder o controle, nunca o perdera totalmente.

Sim, é verdade, reprimira algumas fantasias. Uma vez, há mais de dez anos, tivera imensa vontade de dormir com o melhor amigo do marido, mas fechara os olhos, contara até a cinco e esquecera a coisa. 

De uma outra vez, numa despedida de solteira de uma amiga, apetecera-lhe trepar para o varão, despir-se à frente de todos, e enrolar-se no dançarino musculado que se exibia para o grupo feminino barulhento que ela e as amigas formavam. Mas, apesar de tudo, tinha a noção do ridículo, e dentro dos possíveis mantinha uma reputação de mulher misteriosa, não de tonta ou tresloucada.

Contudo, por vezes uma bebida muda a vida, e tudo o que contemos cá dentro salta para a superfície. Há meses que lhe fazia falta uma certa balbúrdia, e começava a sentir-se confiante outra vez. Caramba, já haviam passados dois anos sobre o divórcio, remoera as feridas, curara-se e agora estava com vontade de se perder. 

Foi aquele gin tónico que esteve na origem de tudo. Foi o primeiro, numa festa que até não estava especialmente divertida. E o primeiro é sempre o primeiro responsável pelas mudanças, mesmo que não tenha a responsabilidade de tudo.

O segundo e o terceiro, que se seguiram, encheram-lhe a cabeça de imagens. Parecia que estava dentro de um filme, havia gente por todo o lado. E sexo, muito sexo. 

Então, fixou-se num homem que dançava perto dela. Sabia quem era, sabia que estava disponível e sorriu-lhe. Um sorriso feminino faz milagres, e umas horas mais tarde estavam nus, em casa dela, deitados numa cama.

Ela sentiu-se excitada como há muito não se sentia, e ele ficou surpreendido com tanta genica e tanta fantasia que ia na cabeça dela. Lá foi cumprindo a sua função, tentando perceber o que ela queria, mudando de posição ou de táctica, mas rapidamente chegou à conclusão que só ele não chegava. 

Naquela noite, ela parecia querer muito mais do que apenas um homem. Ela queria todos os homens, tal era o seu desejo!

Mas também podia ser outra coisa, pois ela falava muito depressa, gritava muito, e ele nem sempre percebia o que ela dizia. Só houve uma coisa que ele percebeu, quando ela lhe chamou um nome diferente do dele.

Não reagiu, fez de conta que não ouvira, e continuou a fazer o que estava a fazer, mas soube imediatamente que não era só nele em quem ela pensava. 

No fim, quando se foi embora de casa dela, nem referiu o facto. Não valia a pena. Até fora uma noite agradável. O sexo fora bastante bom e mesmo que ela estivesse a pensar noutro homem, ou noutros homens, ou só estivesse a partilhar em voz alta fantasias da cabeça dela, a verdade é que quem lá tinha estado a fazer o servicinho era ele, e não outro. Ou outros.

Confirmou o que sempre soubera: quando as mulheres bebem uns copos a mais voam sempre para lugares muito distantes e muito fantásticos. E, por mais que um homem cumpra o seu dever, nenhuma realidade satisfaz uma fantasia. Seja ela qual for...

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Terça-feira, 02.04.13

Um homem muito ciumento

Certa noite ele acordou-a com um gesto brusco e desagradável. Ela mexeu-se na cama, com a cara amarrotada pelo sono, e olhou para ele, espantada:

- O que foi?

Eram quatro da manhã, chovia a cântaros lá fora, e um arrepio de medo e de angústia percorreu-lhe a espinha. Puxou o lençol para cima, enrolou-se nele e insistiu:

- O que é que se passa?

Ele estava com os olhos semicerrados a observá-la. Na penumbra, parecia zangado. De repente, sentou-se na cama e disse:

- Tu tens um caso...Andas com outro.

Ela olhou-o, impávida. O que era aquilo? O que lhe dera para, a meio da noite, acordar de repente a dizer disparates? Franziu a testa e perguntou:

- Está tudo bem?

Ele cerrou os dentes, irritado. Ela não ligara ao que ele dissera, e isso é que era importante. 

- Eu sei que me andas a trair.

Ela nem queria acreditar, e ele a insistir! Teria sido um sonho, um pesadelo nocturno? Caramba, o homem tinha quase quarenta anos, não tinha idade para isso! Ou tinha? Será que havia uma idade a partir da qual se deixava de ter pesadelos, ou eles continuavam para sempre?

- O que é que se passa contigo? Tiveste um pesadelo?

Ele não sorriu. Levou a mão à cabeceira e acendeu um cigarro. Ela enervou-se. Odiava que ele fumasse na cama, odiava o cheiro do cigarro no quarto. 

Então ele disse:

- O meu pesadelo és tu. 

Ela ficou em silêncio uns segundos, e depois veio ao de cima o seu lado maternal. Ele era como os miúdos, necessitado de mimo depois dos pesadelos, para voltar a adormecer. Ela ignorou a sua última acusação e tentou acalmá-lo:

- Isso deve ter sido jantar. Há quem diga que o saké provoca pesadelos...

Ele esboçou um sorriso e resmungou:

- Eu não bebi saké...

Ela ficou intrigada. Ontem à noite, ele dissera que ia jantar fora com uns amigos a um restaurante de sushi, teria mentido?

- Tu é que disseste que ias jantar sushi.

Ele enervou-se:

- Não desvies a conversa...Eu descobri que tens um caso, andas com outro. 

Foi aquele "descobri" que a enervou. O que é que ele tinha "descoberto" se não havia nada para "descobrir"? No passado, com outros namorados, ela fora uma ou duas vezes infiel, mas agora não era. Sim, tinha amigos que lhe enviavam convites tentadores, mas não aceitara nenhum há mais de um ano, desde que começara namoro com ele. Gostava dele, e as coisas iam bem até há umas semanas, quando ele começara a dar sinais estranhos, de irritação permanente com ela. Criticava-a muito, por tudo e por nada, e já tinham existido algumas discussões desagradáveis. Mas, nada como isto. Isto era coisa de psicopata, acordar a meio da noite com pesadelos, a acusá-la de infidelidade!

- Que disparate é esse? Não deves estar bom da cabeça!

Irritada, ela levantou-se para ir à casa de banho, e quase por instinto, cometeu um erro, ao pegar no telemóvel, para ver se tinha mensagens. Ele atacou de imediato:

- Vais mandar-lhe um sms, a dizer que foste descoberta?

Ela ficou imóvel, a olhar para ele, sem saber o que dizer. Ele rosnou:

- Há quanto tempo é que isso dura?

Ela piscou os olhos. Aquilo era mesmo grave, ele estava mesmo convencido da sua verdade. Na cabeça dele, havia uma ideia muito enterrada, e ela não sabia porquê. Respirou fundo e afirmou:  

- Não sei mesmo de que é que estás a falar.

Nessa noite, ela teve de ouvir mais acusações, mas dentro dela as coisas já estavam resolvidas. Aquele homem não era bom da cabeça, não o queria para ela. Um homem que acorda a meio da noite com medo dos seus próprios fantasmas não é boa companhia. 

publicado por Domingos Amaral às 11:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 21.02.13

O problema sexual da Igreja Católica

Não é preciso ser psiquiatra, nem sequer séxologo, para perceber que a Igreja Católica Apostólica Romana tem um problema com o sexo.

Há séculos que tem um problema, e não há maneira de o resolver. Aliás, nas últimas décadas, o problema em vez de melhorar piorou, e drasticamente.

Quase não há mês que passe sem se ouvir falar de problemas sexuais na Igreja. Ou bem que são os padres pedófilos, ou os padres homossexuais, ou então ouvimos falar na condenação do sexo sem ser para efeitos de procriação, ou nos perservativos, ou em qualquer outra coisa no género.

Esta semana, por exemplo, o tema do momento em Portugal é uma acusação de assédio sexual por parte de um bispo; e o tema internacional é, no contexto da eleição do novo Papa, a possibilidade de participar na eleição um cardeal que fez vista grossa a situações de pedofilia no seu país.

Porque é que isto é assim? Porque é que se passa a vida a falar de questões sexuais relacionadas com a Igreja Católica? Bem, a resposta é simples: a Igreja Católica rejeita o sexo como algo natural a todos os seres humanos (qualquer que seja a sua preferência sexual) e considera o sexo, na maior parte das vezes, como um pecado, só o aceitando como essencial para procriar. 

Ou seja, a Igreja Católica não considera o sexo como uma coisa natural no ser humano, mas sim um mal, um mal necessário em certos casos (para fazer bebés e se as pessoas forem casadas), mas mesmo assim uma coisa a evitar. É este o seu discurso para os crentes, há milhares de anos, e não parece ir mudar.

Além disso, a Igreja Católica continua a obrigar aqueles que a servem a full-time (os padres, bispos e cardeiais) à castidade, que é a proibição total de ter sexo. 

Esta combinação de ideias (o sexo como uma coisa anti-natural e pecaminosa para os crentes, e a obrigação de celibato para os padres) resulta numa situação explosiva permanente, pois a confrontação destas máximas com a vida real dos seres humanos (crentes e padres) é totalmente absurda e irrealista.

A maior parte dos seres humanos não segue as orientações da Igreja Católica nas questões sexuais, e pratica sexo quando quer e à hora que quer, sem sentir que isso é mal ou pecado.

E os padres, na sua grande maioria, têm enormes dificuldades de cumprir o celibato, e por isso se multiplicam as descobertas de "prevaricadores". 

Mais tarde ou mais cedo, esta distância entre o que a Igreja defende e a realidade do mundo vai ter de ser diminuída.

A mim parece-me evidente que não vai ser o mundo a mudar, terá de ser a Igreja. Mais tarde ou mais cedo, chegará um Papa mais esclarecido ao Vaticano, que terá a coragem de confrontar a questão do sexo para a Igreja, e libertá-la deste terrível problema sexual que a consome há séculos.

Faz sentido o sexo ser mal visto, e não um necessidade natural em todos os seres humanos? Faz sentido condenar-se as preferências sexuais das pessoas? Faz sentido impôr o celibato a seres humanos? Faz sentido proibir o uso de perservativos? São essas as questões que a Igreja terá de resolver nas próximas décadas.

Enquanto isso não acontecer, enquanto a Igreja não vencer o seu profundo trauma sexual, e não mudar, vamos continuar a ouvir falar todos os meses de "escandaleiras" que envolvem padres, mais graves ou menos graves.

E também vamos continuar a fazer de conta que ouvimos o que a Igreja nos tem a dizer sobre sexo e que seguimos as suas orientações, o que obviamente quase ninguém faz.

Eu acho que está na altura da Igreja resolver o seu trauma sexual. Talvez o próximo Papa possa ajudar.  

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Quarta-feira, 13.02.13

O homem que se esqueceu (uma única vez!) do Dia dos Namorados

Aquilo nunca lhe tinha acontecido na vida, mas dessa vez esqueceu-se mesmo do Dia dos Namorados. No passado, com outras namoradas ou mesmo com a atual, nunca se esquecera. Comprava sempre uma "lembrancinha", como ele dizia a brincar aos amigos, só para mostrar às raparigas que gostava delas.

Mesmo que já estivesse com a cabeça noutra, era melhor comprar um presentinho, ser simpático, para não as decepcionar naquele dia. É que, apesar do Dia dos Namorados não ter um significado especial para ele, a verdade é que para as mulheres parecia ser um dia fundamental, com um estatuto semelhante ao Aniversário Dela e ao Natal!

Porém, naquele ano esqueceu-se. Eles já namoravam há seis anos, e estavam numa espécie de limbo, entre a possibilidade de casarem em breve, sempre vaga, e a possibilidade de o namoro perder gás, raramente falada. Talvez isso tenha sido importante. Nesse dia chegou a casa (eles já viviam juntos no apartamento dele), só pousou o casaco e depois foi dar-lhe um beijo, mas não disse nada mais, a não ser um vago:

- Apetece-me tomar um duche.

Ela ficou a olhar para ele, intrigada. Estaria ele a gozá-la? Teria o presente no bolso do casaco? Teria vindo a casa à hora do almoço, esconder o presente no armário? Decidiu sorrir-lhe e perguntou:

- Correu bem o dia? 

Ele soltou umas frases sem grande sentido, referiu reuniões, conversas, nada de importante. E deve ter mudado de ideias quanto ao duche, pois sentou-se no sofá, acendeu a televisão e começou a ver um jogo de futebol, Liga dos Campeões. Ela nem queria acreditar, mas antes de começar a criticá-lo, coisa de que ele se queixava muito, decidiu respirar fundo e ser paciente.

- Não queres ir jantar fora? Apetecia-me...

Ele nem olhou para ela, mas fez uma careta de enfado e resmungou:

- Hoje? Não podemos ir no sábado? Estou cansado.

Ela arqueou a sobracelha:

- No sábado?

Depois sorriu. Percebeu finalmente que ele se tinha mesmo esquecido do Dia dos Namorados, e ficou subitamente triste. Deu uma meia volta brusca e foi em passo apressado para o quarto, onde se deitou em cima da cama, irritada. Meia hora depois, (sim, só meia hora depois, no intervalo do jogo da Liga dos Campeões!), é que ele apareceu à entrada do quarto, e lhe perguntou o que se passava. Ela nem olhou para ele, mas murmurou:

- Esqueceste que dia é hoje?

Ele ficou abalado, como se tivesse sido apanhado em contrapé. Pensou no aniversário da mãe dela, do pai, da irmã, e também nos aniversários da sua família, mas ninguém fazia anos hoje, nem ela, que só fazia em Setembro.

Ela suspirou, desolada, vendo que ele não se lembrava mesmo:

- É dia dos Namorados.

Nesse momento, ele percebeu que estava tramado, e nem lhe passou pela cabeça mentir. Tinha-se mesmo esquecido, explicou. As reuniões, os telefonemas, o stress, tudo tinha conspirado para ele deixar passar a data!

Durante uns segundos, ela ainda acalentou a secreta esperança de que tudo aquilo não passasse de teatro, e de que ele no fim, já depois de a ter levado ao desespero, a surpreendesse com um presente. Contudo, essas coisas só acontecem nos filmes e às outras, pensou ela, minutos mais tarde.

O seu namorado tinha mesmo esquecido o Dia dos Namorados, e não havia volta a dar! Por mais que ele pedisse desculpa, ela não queria acreditar que isto lhe tinha acontecido. Era uma facada no coração. Logo neste dia, onde se vêem corações por todo o lado, ele tinha cortado o coração dela ao meio. 

Então disse:

- Isto é grave...

Ele ficou meio aparvalhado. Balbuciou mais desculpas, e tentou defender-se. Caramba, não era assim tão grave, ela não devia dar tanta importância, fora apenas um esquecimento, ele podia emendar a mão, que tal irem jantar fora? Ela sorriu, mas foi um sorriso cínico, e quando o viu ele percebeu que estava mesmo tramado:

- Eu não devia dar "tanta importância"? Quer dizer, o meu namorado esquece-se de mim, e eu não devia dar..."tanta importância"? 

Ele ficou calado, atrapalhado, e ela continuou:

- Tu gostas mesmo de mim?

Ele jurou que sim, e disse-lhe que fora apenas uma falha, uma falta de memória. Ela sabia como ele era, distraído. Ela comentou, desapontada:

- Distraído?

Olhou para ele, muito séria, e disse:

- Se calhar, a nossa relação já não faz muito sentido...

Pronto, agora ela queria falar da relação, e ele apostava que daqui a cinco minutos ia falar no casamento, se queriam ou não casar! Óh, meu Deus, porque é que as mulheres eram assim? Porque é que uma mera omissão, uma falha pequena, punha tudo em causa? Será que ela não podia perdoar-lhe este erro?  Ele sugeriu que fossem ao Colombo, ou às Amoreiras, ele comprava-lhe um presente bonito, ela que colocasse um casaco depressa, e depois iriam jantar! 

Ela olhou para ele, e como era boa pessoa e gostava dele, decidiu perdoar-lhe. Ele parecia genuíno, no seu arrependimento pelo esquecimento, e interessado em emendar a mão. Mas, como é que se esquece um esquecimento destes? Como é que se aceita uma coisa destas? Ela não fazia ideia, e ainda hoje não faz. Já passaram vários anos, eles continuam namorados, não se casaram mas também não foi cada um para seu lado, e talvez por isso ela continua a recordar aquele dia em que ele se esqueceu do Dia dos Namorados.

Já ele, continua a pensar que as mulheres adoram receber presentes, seja em que dia for, e obviamente o Dia dos Namorados transformou-se num dia de "expectativa altíssima", cujas esperanças não podem ser frustradas, até porque tal falhanço traz associado o terrível perigo do fim do amor. Portanto, o melhor mesmo é um homem não se esquecer dessas coisas. 

 

PS: E para quem está a precisar de sugestões para presentes do Dia dos Namorados, aqui deixo duas, enviadas por mão amiga. Um relógio da Swatch e umas pulseiras da marca americana Alex and Ani. Mensagens de amor perfeitas e que não nos deixam ficar mal. 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:56 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Segunda-feira, 11.02.13

Aconteceu numa festa de Carnaval

Ele tinha pensado muito sobre o assunto. Deveria ir vestido de Flash Gordon ou de Indiana Jones? O primeiro estava um bocado fora de moda, o que era bom pois assim não haveria outros mascarados iguais. Já Homens-Aranha, Batmans e Darth Vaders iria haver aos montes, estão sempre na moda.

Indiana Jones era uma opção forte, devido ao chicote. Dá sempre jeito um chicote numa festa de Carnaval, embora no caso dos homens fosse necessário alguma prudência, pois as pessoas admitem que uma mulher chicoteie homens, mas o contrário nem sempre é bem aceite. 

De repente, lembrou-se: podia ir de Christian Grey, o famoso herói das "50 Sombras de Grey"! Assim estava na moda e podia levar chicote! Aliás, podia mesmo chicotear, pois ao herói literário do ano tudo era permitido, incluindo dar palmadas no rabo das senhoras. Que melhor máscara de Carnaval do que essa?

O pior foi que, quando chegou à festa, descobriu que existiam imensos Christian Greys como ele. Havia quase tantos como mascarados de animais. Se somasse os elefantes com os gorilas, os macacos e os Rei Leões, todos juntos eram um pouco mais que Christian Greys, mas andavam lá perto. 

No meio da festa, viu passar um Flash Gordon, impecável no seu fato encarnado e amarelo, e arrependeu-se por querer estar tanto na moda. Foi a correr ao bar, tentar afogar as mágoas em vodka, mas foi ao balcão que tudo mudou, quando viu a Pequena Sereia. Tinha um sorriso radioso, escamas no corpo todo e parecia perdida naquele oceano de fantasias compradas em lojas chinesas.

Então, ele aproximou-se e disse-lhe:

- Sempre quis conhecer uma Sereia.

Ela arqueou as sobrancelhas, surpreendida:

- Desculpa?

Ele explicou que ela estava vestida de Pequena Sereia, era esse o filme a que ele se referia. Ela desatou a rir e explicou que não estava de Pequena Sereia, mas sim de Dolly, a amiga do Nemo. 

Ele corrigiu-a:

- Dory.

Ela piscou os olhos:

- Desculpa?

Ele explicou:

- Chamas-te Dory e não Dolly.

Ela riu-se muito e disse:

- Isso...Sabes, é que eu sou muito esquecida, uns segundos depois já não me lembro do que disse...

Ele percebeu finalmente que ela estava a brincar com ele, o que era um bom sinal, e então perguntou:

- E eu, de que é que estou vestido?

Ela olhou-o muito rapidamente e perguntou:

- Trouxeste o avião? 

Ele ficou por momentos sem perceber e então ela revirou os olhos e explicou:

- O que distingue o Christian Grey dos outros é o avião, não é o chicote. Chicote qualquer um arranja, agora um avião é mais difícil. 

Ele ficou a olhar para ela, e depois deu um gole no vodka, tomou coragem e disse:

- Por acaso, estava a pensar num voos nocturnos. Uns loopings, e coisas assim...Gosto especialmente dos voos picados... À noite, são momentos espectaculares...

Ela olhou para ele, espantada. Abriu muito os olhos e perguntou:

- E espirais invertidas, sabes fazer?

Ele sorriu-lhe e disse, em voz mais cavada:

- Especialmente em voos rasantes...

No dia seguinte, quando ele saiu da casa dela, ia contente. Acertara em cheio na máscara, o Christian Grey fora infalível, tiro e queda. 

Já ela, quando acordou, não se lembrava de nada. 

publicado por Domingos Amaral às 10:52 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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