Espanha, futebol e política

Política e futebol nem sempre se dão bem, mas no caso da selecção espanhola um equilíbrio muito harmonioso mas ao mesmo tempo muito activo parece ter sido encontrado. Por um lado, nenhum dos jogadores canta o hino nacional, nem o seleccionador ou sequer os que estão no banco, todos ficam calados a escutar, em sinal de respeito pelos "nacionalismos" vários que existem, como o basco ou o catalão. Além disso, a selecção toma posições políticas, e no sábado os jogadores mostraram o seu profundo desagrado com o pedido de "resgate" financeiro dos bancos de Espanha. Sendo uma selecção muito politizada, o que normalmente não dá bons resultados, esta equipa espanhola consegue contudo mostrar um futebol muito eficaz e será sempre uma das candidatas mais fortes à vitória final no Euro. Podemos pois estar perante uma inovação história: uma equipa vencedora mas carregadinha de octanas políticas, jogadores que são símbolos do país mas não são mudos e podem funcionar como líderes de uma rebelião contra as circunstâncias que fustigam o seu povo. Será um perigo ou um exemplo a seguir? Os próximos dias o dirão, mas pela amostra que já vimos e ao contrário dos jogadores portugueses, que fogem da política como outros fogem da peste, os espanhóis não nasceram com alma de naturezas mortas.

publicado por Domingos Amaral às 17:42 | link do post